Apesar de apenas os cuidados com a alimentação e com o corpo serem disseminados como saúde esportiva, a saúde bucal também deve fazer parte desse pacote. Muitas vezes, os cuidados odontológicos ainda ficam restritos a tratamentos corretivos, emergenciais e imediatistas. Poucos são os atletas que enxergam a necessidade de um odontologista em sua equipe médica.

Mas, devido a novos estudos na área, este conceito vem mudando. Continue a leitura e entenda as responsabilidades e atividades de um odontologista esportivo, e quais as funções e indicações de uso de protetores bucais para atletas.

O que é Odontologia do Esporte

A Odontologia do Esporte surgiu com o propósito de acompanhar, manter e melhorar o desempenho e a condição física do atleta com manutenção, prevenção e tratamento de lesões devido à atividade física.

A prevenção contra alterações na saúde oral, como processos infecciosos e inflamatórios, como a periodontite, pode facilitar o restabelecimento do profissional, evitando procedimentos cirúrgicos e possíveis afastamentos. Além disso, problemas bucais causam um desequilíbrio no organismo, gerando queda de rendimento do atleta e, em alguns casos, impossibilitando-o de exercer suas atividades por determinado período.

Um processo de bacteremia, por exemplo: os microrganismos patógenos podem se alojar nas articulações, propiciando o acometimento de lesões articulares e focos infecciosos, o que dificulta a cicatrização ou reparo de lesão muscular. E caso não sejam tratadas, o processo inflamatório poderá causar recorrências em lesões já curadas, prejudicando o desempenho e a presença do atleta em treinos e possíveis competições.

O atleta profissional ou amador, normalmente faz uso de dieta ácida, que pode trazer danos à estrutura do esmalte dos dentes, causando erosão dental. Os dentes com erosão podem apresentar sensibilidade e ter um aspecto mais amarelado. Por isso, o atleta deve ser avaliado por um profissional preparado, que faça a prevenção e crie estratégias para diminuir o impacto na saúde bucal.

A odontologia no esporte também deve concentrar-se em estudar, revisar, prevenir e tratar o traumatismo buco facial, proporcionar uma boa manutenção da saúde bucal do atleta, impedir focos de contaminação, tratar maloclusões e difundir o conhecimento com a comunidade médica do esporte.

A saúde bucal deve ser compreendida como algo que afeta diretamente a condição física e emocional da pessoa. Por isso, um trabalho multidisciplinar com odontologistas, fisioterapeutas, nutricionistas e médicos deve ser feito para que ocorra uma melhora na condição física do atleta.

O uso de protetores bucais

A Odontologia do Esporte também pode e deve ser utilizada na fabricação de protetores bucais, já que uma das responsabilidades do cirurgião-dentista que se dedica a essa área é a proteção orofacial.

Esses profissionais que irão realizar o planejamento, moldagem, obtenção de modelos e confecção do protetor bucal, assim como possíveis ajustes e acompanhamento do atleta durante o uso do equipamento. Por fim, determinam o tempo de uso e o intervalo para a substituição dos protetores.

Durante a realização de atividades esportivas, o atleta fica suscetível a inúmeras injúrias, por isso, o protetor bucal é fundamental para prática de atividades físicas, pois é responsável por proteger contra lacerações, fraturas, avulsões e luxações dos tecidos moles, como lábios e língua, tecidos duros, como dentes, e ossos maxilomandibulares.

Protetores bucais são dispositivos intraorais feitos sobre modelo em gesso do arco dental do atleta, obtido por meio de moldagem específica. O material para sua confecção deve ser capaz de absorver e dissipar a energia de impacto do choque entre competidores, com o piso de quadras e campos, além de equipamentos de uso rotineiro nas diferentes modalidades esportivas.

Os protetores bucais são divididos em três categorias: pré-fabricados, termoplásticos e personalizados. A grande maioria dos atletas preferem os pré-fabricados ou termoplásticos por serem menos onerosos e fáceis de achar. Porém, são deficientes pelo seu excesso de peso e não se adaptam à boca de cada um, pois são modelos universais.

Para não prejudicar a respiração e a fonética, não afetar o desempenho físico do atleta e permitir um uso mais prolongado do equipamento, ele deve ser confeccionado de forma personalizada e individual por um cirurgião-dentista, usando o modelo de gesso do atleta, conforme determina a norma ASTM 697-8048. Se o atleta estiver em tratamento ortodôntico, por exemplo, a confecção do protetor bucal deve acompanhar esta particularidade. Neste caso inclusive, seu uso deve ser prioritário, pois além de oferecer a proteção mencionada, ampara o atleta contra qualquer problema com seu tratamento.

Normalmente, o protetor bucal é confeccionado para o arco dental superior do atleta, com exceção de modalidades que exigem seu uso no arco inferior também, ou se o cirurgião-dentista responsável pelo atendimento determinar a forma do uso, devido a alguma necessidade particular do atleta ou da modalidade praticada.

Para contemplar a máxima eficácia do aparelho e o mínimo prejuízo para o atleta, a confecção do equipamento deve seguir as técnicas recomendadas. O uso de protetores mal adaptados e pouco retentivos podem provocar dificuldades de fala e de respiração, sensação de ânsia, dor ou ferimentos, além de modificar negativamente o volume da ventilação durante a atividade física, podendo alterar alguns parâmetros fisiológicos.

Infelizmente, a crença nos efeitos negativos sobre a respiração durante a atividade física devido ao uso de protetores bucais é muito disseminada no meio esportivo, por isso, é fundamental que o cirurgião-dentista oriente o atleta sobre os benefícios trazidos pelo uso do equipamento, assim como as diferenças entre os protetores disponíveis comercialmente e os individualizados.

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